A criatividade é uma característica psicológica importante para se chegar ao topo. O desenvolvimento do pensamento criativo é reconhecido como um recurso essencial para atingir e manter um desempenho superior no futebol, existe, no entanto, pouco conhecimento do seu papel no campo desportivo. Os resultados de alguns estudos mostram que os desenvolvimentos desportivos e recreativos num ambiente de resolução de problemas são benéficos para o desenvolvimento do pensamento criativo. Além disso, parece que a chegada ao alto nível está positivamente associada à criatividade.

Hoje em vários terrenos de futebol espalhados por esse mundo fora, vemos muitos treinadores com atletas de tenra idade a dar demasiadas instruções para dentro de campo. Algumas equipas de sub-10/11 parecem os seniores em termos de conceito tático.

Será este o futuro do jovem jogador? Será isto o futuro do jogador português? Quem não têm saudades de um Figo ou de um Ronaldinho?

Não será mais importante para uma criança de 11,12,13 anos ter um desenvolvimento de criatividade que lhe permita realizar situações de 1×1 quando se encontrar em dificuldades, conseguindo resolver essas situações sozinho.

Alguns treinadores quando vestem essa pele obrigam as suas equipas a jogar a um 1 ou 2 toques, no entanto quando toca a parte de recrutar, escolhem sempre aquele que se destaca, pelos seus dribles e arrancadas.

Não será então isto uma contra-evidência que o mesmo treinador que obriga a sua equipa a jogar a um toque, escolha posteriormente os jogadores que precisam de ser criativos para ultrapassar um adversário.

Será que estamos a caminhar para um futebol previsível? Que podemos fazer para mudar isto?

Alguns artigos, dizem-nos que a criança tem de ser estimulada e desenvolvida a nível cognitivo e criativo, pois este processo irá trazer inúmeras vantagens para resolver situações no contexto do jogo. Por isso treinadores, não descurem essa parte, deixem se de ser tão pragmáticos com a crianças, deixem as divertir-se (de maneira planeada e com objetivos criativos concretos) mas sobretudo deixem as experimentar um leque variado de situações.

Não mecanizemos o treino em tão tenra idade, senão daqui a uns anos teremos jogadores robotizados no campo.

Memmert e Roth, 2007. The effects of non-specific and specific concepts on tactical creativity in team ball sports, 2007.

2 Comentários

  1. Reinaldo Serrão
    12 Abril, 2019
    Responder

    Colocação perfeita. Não podemos ultrapassar etapas. Os miúdos precisam estar livres para criar. Esse mecanismo tático está deixando o futebol sem criação, por isso hoje os jogos estão cada dia mais chato de se assistir.

  2. cmcrego@gmail.com
    22 Janeiro, 2020
    Responder

    Tenho duvidas,
    Como posso questionar sem aparecer aqui?
    Grata

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