Estamos em Janeiro de 2021, em Março de 2020 quase um ano depois o Mundo foi confrontado por uma Pandemia que apesar de algumas ameaças anteriores veio revelar uma série de problemas que em pleno Séc XXI poucos ou nenhuns imaginavam possíveis.
Sendo pai de um jovem atleta e treinador de futebol, há uns anos e sempre ligado à formação, é nessa qualidade que escrevo estas linhas.
Em Março, Abril deste ano fui um de vários que manifestei publicamente a minha desconfiança sobre se se iria aproveitar a oportunidade (não desejada) para reunir “à mesma mesa” os diversos intervenientes para, reestruturar, preparar, planear o futebol de formação após pandemia.
Nessa altura os sinais já eram adversos, nas primeiras reações oficiais a dualidade de critérios, tomadas de decisão em direções opostas (claramente posições políticas na chamada família do futebol), clubes, treinadores, pais e atletas a manifestarem apreensão sobre o que se iria seguir.
Durante o confinamento do País, assistimos à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), tomar posição diferente da inicial para o Futebol Sénior, Futebol Feminino e Futsal mantendo a decisão inicial sobre Futebol de formação, assistimos às associações Distritais e Regionais a tomarem decisões diferentes umas das outras sendo de destacar que as que representam maior número de clubes e consequentemente de atletas a tomarem decisões contrárias à FPF.
Durante este mesmo confinamento assistimos a mais de 100 programas online produzidos e realizados por pessoas de forma voluntária, gratuita onde assistimos a programas nunca antes vistos, onde se falou de tudo e sobre tudo, sem clubites nem paixões difíceis de explicar, nesses programas falou-se do Futebol, do Futsal dos atletas, dos treinadores, dos pais dos dirigentes, ou seja, falou-se de tudo. Perante isto os principais responsáveis FPF e Associações Distritais e Regionais aparentemente pouco ou nada fizeram, apesar de eu acreditar que muito conversaram, muitas reuniões existiram, mas não souberam comunicar convenientemente.
Ao nível dos Clubes também assistimos a uma total ignorância de todos sobre todos porque e mais uma vez não perceberam a gravidade da situação e então desde que passou a haver decisões sobre campeonatos de seniores para a época 20/21 os clubes pura e simplesmente ignoraram o óbvio; Era necessário preparar a retoma da atividade no futebol de formação.
Com o passar do Verão e se alguma dúvida havia a DGS deixa claro que todas as reuniões com as Federações das diversas modalidades estavam em sintonia e foram as próprias a proporem a retoma “gradual e progressiva”, aliás o próprio Secretário de Estado confirmou esta informação.
Assim, chegámos ao fim do Verão com as aulas a retomarem e os problemas de comunicação mantém-se, oficialmente só existe as orientações da DGS que sendo orientações necessitavam que as Entidades responsáveis tomassem uma atitude, mas para isso tinham de estar preocupadas com o futuro …. só que não.
Bem sei que os as pessoas que lideram estas Instituições são responsáveis e são cumpridoras das regras impostas, mas parecem não estar preocupadas com o amanhã porque também sabemos que as consequências de tudo isto só se irá ter profundo conhecimento daqui a uns anos e eles já não lá vão estar e como tal a principal e única preocupação é não ser protagonista, é na gíria “da bola” a chamada a bola queima, portanto temos um “chapéu” porreiro a DGS com costas largas e o mal é da DGS.
Com tantas contradições e faltas de coerência pedia-se e esperava-se mais de quem se diz defensor do Futebol e preocupado com os milhares de praticantes existentes no País.
Não tenho a pretensão de achar que sei o que se devia fazer, mas tenho uma opinião do que se deveria fazer e tenho a certeza que assim não iremos a tempo de inverter um futuro negro para o Futebol.
Sendo o Futebol o mais importante das menos importantes o futebol de formação é ainda assim muito mais importante do que a importância que lhe têm dado.
Será que ainda vamos a tempo??
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