Chegámos a Junho e, época após época, os desafios renovam-se e tudo recomeça.
Renova-se a ambição, a dedicação e o empenho, e recomeça o planeamento, a construção e reforço dos planteis, até que chegam os primeiros treinos de pré-época, os primeiros jogos de preparação e depois o verdadeiro desafio: o início das competições oficiais!
Mas nunca termina aí, só começa.

A certo ponto acrescentam-se também as reuniões, as análises, as adaptações, as críticas e começa a sobrecarga…
Mas não viramos a cara, persistimos, e encaramos os problemas de frente porque já nem sabemos outra forma de lidar. Continuamos porque é a nossa paixão que nos move e nos eleva quando tudo o resto nos pode tentar rebaixar. A noção de constante ambição e foco de querer ser mais e melhor, independentemente de tudo.

E persistimos!

Quando nos questionam se gostamos do que fazemos respondemos, e de forma orgulhosa, que ali é o nosso canto, o nosso escape dos problemas do quotidiano onde ignoramos por 5 ou 6 horas semanais tudo o resto. Mas cansa. Cansa porque não somos apenas “treinadores”. Somos treinadores, mas por vezes também diretores, massagistas, fisioterapeutas, roupeiros, cameraman, analistas, observadores, preparadores físicos… somos de tudo e mais um pouco e quando pensamos que talvez tudo isso chegue ainda temos que agir como Psicólogos, Educadores e às vezes ainda temos de dar um toque de Pacificadores da ONU com certos pais, que só se sabem queixar de tudo, e nos atormentam.

*Suspiro*

Ser treinador é uma paixão, um vício, que nos deixa dias inteiros desligados do mundo. Acordamos a pensar em sistemas, almoçamos a imaginar e inventar exercícios para o treino de final da tarde e adormecemos a rever mentalmente tudo o que se passou naquela horinha e meia. Uma classe muitas vezes desprezada e desvalorizada; muitas vezes é ingrato ser treinador, mas tudo vale a pena…

Temos os nossos momentos bons e, quando somos bons, temos muitos. Tudo compensa ao vermos aquele sorriso de um atleta no meio do treino quando as coisas lhe saem bem, ou quando aquela jogada, que imaginámos até à exaustão, sai na perfeição. Ou, quando tudo parecia perdido e marcamos aquele golo no último minuto, trazendo consigo o orgulho de festejar mais uma vitória suada. E a alma cheia após vencermos aquele título tão desejado que nos faz transbordar de felicidade.

Sonhamos, lutamos, damos tudo de nós e em troca pedimos tão pouco. Somente um pouco de esforço, uma pitada de empenho e dedicação por parte dos atletas; ou o reconhecimento e compressão dos nossos amigos e família que muitas vezes não entendem o valor nem o porquê dos sacrifícios que fazemos em prol de tudo isto…

Até que, como que um ciclo sem fim, termina mais uma época e logo de imediato recomeça tudo de novo, com novos desafios, novos planos e novos sonhos. Persistimos, e corremos por gosto, mas também cansa…

1 Comentário

  1. William
    28 Julho, 2020
    Responder

    Seria interessante referir qual é a percentagem que chega a profissional, de acordo com o trimestre de nascimento.
    Por acaso, a maior percentagem é no último trimestre.

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