Da formação aos seniores, esta é uma das funções fundamentais do treinador no decorrer de uma época desportiva. Para além de ter de produzir rendimento, ou seja, promover evolução na equipa e com eles os resultado pretendidos e ter de desenvolver estratégias para promover um bom ambiente de grupo, é determinante que o treinador desenvolva o próprio atleta, o faça acrescentar habilidades e tornar-se um jogador mais completo e consistente.
Este desenvolvimento do atleta dentro da equipa/clube refere-se á promoção do estado motivacional de cada elemento. Quando um treinador trabalha esta dimensão de forma apropriada, os atletas apresentam a tendência para apresentarem continuamente níveis mais altos de energia positiva. Mostrando níveis mais altos de adesão ao treino diário.
E sim, falei de adesão ao treino e não participação! E será que há diferenças entre estes dois conceitos? Há pois!
Adesão – refere-se á participação comportamental e sentimental do atleta no processo, isto é, o atleta está totalmente envolvido com o projeto desportivo em que está a participar, sentido que com a aplicação dos conteúdos de treino irá evoluir e ter oportunidades de crescimento enquanto atleta. Aqui o atleta dá os 100%!
Participação – Presença e aplicação meramente comportamental. Isto é, o atleta está fisicamente no treino e participa nos seus conteúdos. Porém, como tem uma total ausência de pistas para melhorar o seu rendimento não se envolve sentimentalmente com o projeto desportivo. Aqui dificilmente o atleta dá os 100%.
Para que o atleta adira então por completo ao planeamento de treino, o treinador apresenta um papel fundamental, tendo de ser ele o principal responsável por saber como motivá-lo, tendo sempre na cabeça duas palavras-chave:
Visão
Para conduzir o atleta para elevados níveis de energia positiva na aplicação aos conteúdos a aplicar no decorrer da época, o treinador deve mostrar de uma forma clara e objetiva qual será o trajeto que irá percorrer na equipa e todo o processo que implicará para esse crescimento. Desta forma:
- A visão de carreira do atleta não deve ser imposta pelo treinador;
- Deve ser estabelecida numa parceria treinador-atleta, promovendo assim maior compromisso do atleta neste seu processo de crescimento na equipa;
- A visão inclui objetivos de performance (comportamentos, atitudes e habilidades) e de resultado (nº de golos);
- O treinador deve ter em conta, não apenas as melhorias comportamentais (papel e ações dentro do campo), mas também no que confere á atitude e emoções.
- Este processo deve ter como base a avaliação (comportamentos a manter, consolidar, acrescentar e eliminar) e o permanente feedback de direção para as ações pretendidas.
Oportunidade:
A oportunidade dada pelo treinador é o suporte de atitude mais próximo da manutenção do trajeto da visão de carreira por parte do atleta. Pode-se considerar que é o motor que permite o atleta manter o desejo de evoluir enquanto atleta e enquanto elemento dentro da equipa.
Imaginemos um cenário em que o treinador, após a pré-época, delineou com o Avançado centro da sua equipa, vindo da equipa B uma visão de carreira de saltar para titular no final da época desportiva (visto o avançado titular estar a ser alvo de muita cobiça de mercado e o clube necessitar de vender), sendo que o primeiro passo era ter uma oportunidade a titular na Taça da Liga. Estes são os objetivos de resultado… A tal visão de futuro!
Vamos então aos objetivos de performance… ou seja, aos aspetos comportamentais, que me vão fazer com que o atleta acrescente comportamentos, habilidades e atitudes. Bem, o treinador e o atleta definiram (após avaliação objetiva do treinador), que para alcançar os resultados estabelecidos era essencial o atleta consolidar os movimentos de costas para a baliza e de rotura e eliminar frustrações após um remate falhado, pois este aspeto desconcentra-o da tarefa.
Programa de desenvolvimento individual construído, o atleta encontra-se a dar tudo nos microciclos de trabalho, integrando também sessões de Psicologia do Desporto, porém chega ao jogo da Taça da Liga e continua no banco, não lhe sendo dada a oportunidade. (apresentando este cenário um continuum no tempo)
São estes fatores, de ausência de oportunidade e de falta de honestidade com o que foi planeado para o desenvolvimento individual do atleta, que o irá afastar da visão que tinha para o seu crescimento dentro do projeto. E não é isto que nós como elementos da equipa técnica pretendemos, pois terá efeito no rendimento do atleta e consequentemente na qualidade da tarefa coletiva e social de todo o grupo.
Por isso, palavras-chave para o treinador fazer um atleta melhorar as suas habilidades, comportamentos e atitudes?
- Visão
- Oportunidade/honestidade
Vamos então tornar este enquadramento num programa de desenvolvimento individual do atleta:
A base: O processo de crescimento do atleta, deve ser estabelecido em conjunto com o próprio e não imposto pelo treinador;
A abordagem: Individual para definição da visão de carreira; e individual para avaliações periódicas com recurso a áudio visual se possível.
Atleta: Avançado Centro, vindo da equipa B esta época;
Visão de Carreira:
– Objetivos de Resultado: Atingir a titularidade na próxima época; sendo a primeira fase ser titular no próximo jogo da taça da liga (falta 1 mês e 2 semanas);
– Objetivos de Desempenho: Melhorar posicionamento costas para a baliza e eliminar frustrações após remate falhado;
Ferramentas: Treino Individual, Treino Coletivo e Sessões de Psicologia do Desporto.
Á atenção do treinador: Permanente feedback diretivo
Caro leitor, Até breve!
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