Escrevo sem querer dar recados a ninguém, simplesmente apetece-me desmitificar o papel do Diretor, sê-lo vai muito além de preencher fichas e acompanhar a equipa para os jogos.
Somos os primeiros a chegar aos treinos e os últimos a sair, deixamos a família e casa muitas vezes sem a nossa presença, prejudicamos-mos financeiramente em prol de uma instituição, mas mesmo assim continuamos pois aquilo nos alimenta a vida.
Temos um grupo de miúdos totalmente diferentes uns dos outros, educações e personalidades diferentes, mas conseguimos transformar um balneário numa família, onde os mais fracos não se sintam humilhados pelos mais fortes e desinibidos.
Somos aqueles que temos aquela palavra amiga e paciente naquela hora de frustração ou castigo num treino, porque muitas vezes o treinador tem de ser firme para manter o grupo.
É-nos dado a tarefa de zelar pela segurança dos tesouros de muitas famílias, parecemos aquele irmão mais velho que nos abraça forte nas vitórias e limpamos as lágrimas em rostos que sentem o peso da derrota, e mesmo aí temos aquela palavra correta que mostra que nem tudo foi mau.
Basta olhar para os olhos deles e sabemos que algo os atormenta, diluímos a zero a pressão causada por alguns familiares, que nos complicam a nossa tarefa.
Num comentário menos bom vindo de um familiar para connosco conseguimos distinguir os factos e fazer de tudo para que o miúdo não sofra represálias e ignoramos para que o grupo se torne mais forte.
Podemos ter muito trabalho e dedicação mas eles dão-nos muito mais do que nós a eles.
Autor: Renato Barbosa
(Lusitânia de Lourosa)
Grande comentário que relata a realidade da maioria, felizmente, dos Diretores do Futebol de Formação.
Depois vem a outra realidade e a outra estripe de pseudos diretores que zelam pela ascensão dos proprios filhos e dos filhos dos amigos e dizimam os sonhos de não sei quantos miudos.
Mas ficam na historia esses que estão relatados no cometário.
Durante 11 anos senti e vivi essa realidade e essa satisfação.
Parabens