O abandono da prática desportiva é um fenómeno que vai muito para além dos números e devia preocupar seriamente quem tem responsabilidades governativas. O desporto é uma ferramenta para a aquisição e melhoria das capacidades físicas e técnicas, contribui para o desenvolvimento educativo, social e para o ego das pessoas. Quando bem utilizado, é uma escola de formação de valores educativos e sociais que enriquecem o comportamento humano. O desporto é um fator de cultura, um espaço interativo e único, que permite uma enorme atividade social. Estudos comprovam que as crianças que praticam atividade física têm melhor desempenho académico e que as modalidades coletivas promovem de forma muito positiva a integração social e são facilitadoras do desenvolvimento das interações sociais dos adolescentes.
Aumentam as pressões de “ganhar a todo o custo” e o prazer pela prática desportiva esmorece. Estudos realizados em países desenvolvidos (EUA e Suécia) concluíram que mais de 50% dos jovens deixam o desporto por volta dos 13 anos, por se sentirem defraudados nas expetativas que lhe foram criadas em criança e pelas pressões, enormes, que sofrem. Ao aperceberem-se que as perspetivas de serem atletas de alto rendimento são poucas optam pelo abandono imediato. Deixa de ser divertido, deixa de valer a pena.
A tentação dos clubes em ganharem títulos com dirigentes que têm sempre a resposta da “falta apoios” e só têm objetivos que passam pela vitória imediata, por descobrirem novos talentos e pela precoce e sempre perigosa criação de ídolos, treinadores que só têm sede de resultados, quadros competitivos pouco interessantes e pais armados em empresários são erros crassos e que justificam bastante bem o porquê do abandono precoce do desporto. Se a estes agentes desportivos adicionarmos as novas formas de vida que promovem o sedentarismo e o individualismo temos as respostas todas que precisamos.
“Aparentemente, ganhar não faz grande diferença para as crianças e jovens, mas eles sabem bem quanto isso é importante para os adultos” (Smoll, 1984)
Os treinadores são, mais uma vez, elementos essenciais em que assenta a forma como é vivida a prática desportiva pelas crianças e jovens. Os treinadores que dão mais importância ao facto de estabelecerem uma relação positiva entre si e os seus atletas do que à sua promoção pessoal, reúnem melhores condições para prolongar a «carreira» desportiva do jovem de uma forma realista e de respeito pelo Ser Humano em detrimento do atleta.
Não são tarefas fáceis quando o desporto é cada vez mais um produto comercial e a formação comporta-se como profissional. Ser treinador de jovens não é ser pior ou melhor, mas, requer um treinador diferente.
As razões para o abandono podem ser positivas ou negativas. Estas últimas são, de certeza, em maior número. Reduzir a taxa de abandono deve ser um desígnio de todos – a saúde e economia agradecem.
Parabéns pelo excelente artigo, mas neste momento conheço 9 ex-atletas do ADCEO que podem abandonar o futebol porque o ADCEO e o CD MAFRA não estão de acordo com os valores de transferências que a FPF emitiu em Julho, quando a época terminou em finais de Maio.
Luís Silva,
Estamos a preparar um artigo sobre o assunto das transferências de jogadores da formação, prós e contras.
Seria possível entrarmos em contato por email para perceber melhor o que se passou e que refere no seu comentário?
Email: paulo.vaz@futeboldeformacao.pt
Caso existam mais situações idênticas e relevantes, agradecemos que nos façam chegar, todos os casos são importantes e todos devem ser analisados e discutidos.
Email: paulo.vaz@futeboldeformacao.pt
[…] Fonte: Futebol de Formação […]