Com o ano lectivo e a época desportiva a chegarem ao seu final, várias são as questões que se colocam a muitos jovens atletas e seus pais. Com as inúmeras solicitações actuais, é natural que os pais equacionem todos os aspectos relacionados com as actividades que pensam escolher para os seus filhos no próximo ano lectivo. Aos pais de hoje é pedido que avaliem e escrutinem ao pormenor tudo o que esteja relacionado com o desenvolvimento dos seus filhos.
O desporto é uma “metáfora da vida”. Como tal, deve ser sobretudo utilizado para conferir aos nossos jovens as competências sociais e emocionais que o mundo lhes vai exigir. Conduto, se a avaliação das mais-valias de um dado desporto ou das condições físicas de um determinado clube são relativamente simples de aferir, dificuldades maiores podem surgir na apreciação e na selecção dos treinadores com quem os nossos filhos têm trabalhado ou com quem desejamos que venham a trabalhar.
O triângulo do desenvolvimento desportivo é composto por Atleta-Treinador-Pais. Um verdadeiro trabalho em equipa entre estes 3 elementos é decisivo para se almejar o sucesso desportivo dos jovens em questão. Os Pais, actuais ‘sponsors’ principais do desporto em Portugal, devem ser convidados a participar activa e regradamente no processo desportivo dos seus jovens. Os treinadores, que diariamente fazem apelo a qualidades dos seus atletas como a humildade e a superação, devem estar preparados para dar sempre o exemplo e, com a mesma humildade e superação, sujeitarem-se à avaliação e escrutíno rigoroso dos seus principais parceiros e patrocinadores, os Pais!
Aqui ficam 20 questões objectivas que devem ser colocadas aquando desta importantíssima avaliação periódica:
FILOSOFIA
- O treinador mantém as vitórias e as derrotas sob perspectiva ou é pessoa de “ganhar a todo o custo”?
- O treinador faz com que aprender este desporto seja divertido?
- O treinador realça a aprendizagem e apoia os jovens enquanto eles se esforçam por dominar as técnicas ensinadas?
MOTIVAÇÃO
- Quais são os motivos que o levam a ser treinador?
- O treinador persegue o reconhecimento pessoal à custa dos seus atletas?
CONHECIMENTO
- O treinador conhece as regras e as aptidões do desporto que ensina?
- O treinador sabe ensinar as competências que o desporto em questão requer?
LIDERANÇA
- O treinador permite que os atletas participem na tomada de decisões, há partilha da liderança, ou é alguém que gosta de tomar todas as decisões unilateralmente?
- A liderança do treinador é baseada na confiança e no respeito mútuos ou na intimidação?
COMPOSTURA
- O treinador revela o controlo emocional que pede aos seus atletas?
- Quando os jovens atletas cometem erros, o treinador repreende ou humilha-os?
- O treinador é sensível às emoções dos seus atletas?
- O treinador entende o cariz único de cada jovem e trata-os como indivíduos?
COMUNICAÇÃO
- As palavras e acções do treinador comunicam sentimentos positivos ou negativos?
- O treinador sabe quando deve falar e quando deve ouvir?
RESPEITO
- Os jovens atletas respeitam e escutam o que o treinador lhes diz?
- Os jovens atletas olham para o treinador como uma referência pelos valores que defende e as acções que pratica?
ENTUSIASMO
- O treinador é entusiástico acerca da sua actividade?
- O treinador sabe criar entusiasmo entre os jovens?
INTEGRIDADE
- O treinador é coerente e íntegro? Pratica os valores que afirma defender?
Esta avaliação é importantíssima e deve ser entregue aos clubes periodicamente (por exemplo, no final de cada época desportiva) pelos Pais, de modo a que o clube possa registar a percepção e o impacto que o trabalho do treinador teve, entre os Pais, ao serviço dos valores que o clube pratica. Se “aprender é mudar”, nada mais natural do que os treinadores sujeitarem-se à avaliação rigorosa dos principais patrocinadores do seu trabalho.
Escolher ser treinador é uma escolha consciente pela superação diária.
Nunca será fácil.
Nunca estará ao alcance de todos.
Saiba mais em Muda O Teu Jogo!
Excelente artigo. Parabens
Excelente artigo . Parabens
Mais uma ajuda, uma fonte credível e aparentemente fundamentada em ciência desportiva e psicologia: “ser tutor” agora não é feito com mesmo que “ser tutor” amanhã, não foi feito com mesmo que “ser tutor” há 15 anos atrás. A tutelar (na parentalidade, no treino, na explicação, na escola, na igreja ou quem quer que os acompanhe no crescimento) é uma frente de investimento multifacetada e só com empenho e conhecimento se ficará tranquilo sobre o que podemos / devemos fazer para o verdadeiro “bem” das nossas crianças. Mais uma vez, obrigada pelo contributo.
Muito bom artigo.