Semana após semana vemos treinadores e pais obcecados com vitórias, isto seria natural se tivéssemos a falar de alta competição, mas nos escalões mais baixos da formação isto faz algum sentido?
Apenas devem jogar os 7 melhores e apenas meter os teoricamente mais “fraquinhos” quando o resultado está feito?
Quando temos um miúdo que é exímio na marcação de um livre ou de um penalty, deve ser esse miúdo a executar todos esses lances?
Devemos passar o jogo a dar indicações aos nossos atletas ou devemos deixar que eles errem mesmo que isso traga um mau resultado á equipa?
Os atletas, desde muito novos apercebem-se se são ou não importantes num grupo,e se constantemente virem os mesmos a serem escolhidos acabam por desmotivar e por criar um complexo de inferioridade com os colegas que são “escolhidos”.
Todos têm o direito de participar em todos os momentos do jogo, não faz qualquer sentido durante uma época serem sempre os mesmos a marcar os lançamentos, cantos, livres. Por muito fraquinho que seja o seu remate qualquer miúdo deve ter a oportunidade de marcar um livre, mesmo que o resultado esteja “apertado”, muitas das vezes os miúdos que têm menos oportunidade hoje daqui a um ano ou dois são os melhores daquela equipa.
Às vezes durante os jogos dou por mim a pensar se sou o único que me esqueci do comando da “Playstation” em casa, é tanta mas tanta gente a dizer aos miúdos “passa…cruza…remata…corre…acorda”, que eu chego ao ponto de pensar se estou a ver um jogo de miúdos, futuros homens que vão ter de tomar decisões sozinhos e que a idade de errar é aquela, ou se o que estão ali a jogar Robots que têm de fazer tudo aquilo que os treinadores/pais querem.
O grande problema que vemos diariamente no futebol dos mais pequenos é que vemos os clubes e os seus treinadores a falar constantemente em valores, respeito, formação, e essas palavras bonitas todas, mas quando a bola está a rolar a historia é outra, e na maioria dos casos o sucesso pessoal e a sede de vencer falam mais alto.
Será que a maior felicidade no fim dos jogos dos nossos miúdos é o facto de terem vencido o jogo?
Podem ter a certeza que se todos eles tiverem um momento, basta um momento de sucesso em toda a partida e se este for valorizado no fim do jogo, tanto pelo treinador como pelos pais o miúdo vai ficar contente e motivado para voltar aos treinos na semana seguinte, mesmo que o resultado tenha sido negativo.
Gostaria de receber os artigos já publicados, bem assim como os próximos.
Mais um excelente artigo. Parabéns ao autor principalmente por não ter cedido à tentação fácil de dar respostas indubitáveis e absolutamente certas, antes deixou interrogações para reflexão. São estes artigos que demonstram a complexidade e o quanto é fascinante o futebol de formação. É um tema pertinente, até polémico mas numa perspetiva pessoal, todos os atletas são iguais mas, uns têm mais capacidades do que outros. Não devem ser privilegiados mas também não devem ser “prejudicados” por isso. O futebol de formação é um desafio pois pode ser uma forma de integração do jovem atleta no mundo social. Sabemos o quanto este é injusto por isso, o grande desafio do treinador deve ser não aceitar as limitações dos seus atletas e protegê-los, mas sim identificá-las e superá-las num trabalho conjunto. É difícil, é exigente, mas é possível. Eu assisti pessoalmente a este tipo de trabalho por parte de um treinador de formação. Eu assisti a este treinador “massacrar” miúdos sem jeito, fazê-los perder numa época cerca de 5, 10, quase 15 quilos, com muito sacrifício sim, mas nunca para eles foi hipótese a desistência! Jogavam menos que os outros? Talvez, mas treinavam tanto como os outros! E todos sentiam que quando perdiam, muitas vezes, era a equipa que perdia, não havia culpados individuais, mas quando ganhavam, a alegria e satisfação era de todos pois foram todos que ganharam!
Parabéns à página por mais um excelente artigo e um enorme contributo para a reflexão sobre o futebol de formação!
Excelente artigo. Parabéns à pagina e ao autor. Efetivamente são colocadas diversas questões que merecem ser refletidas e debatidas, visto que mais importante que formar jogadores, é formar Homens.
Todos nos podemos lutar contra isto mas torna-se mais complicado quando a associações criam campeonatos para sub-10 onde limitam o numero de miúdos que podem ir ao jogo e que muitas equipas ficam 4 ou 5 miúdos de fora todos os fins de semana ou o melhor seria mesmo nao haver competição nos escaloes mais inferiores?
Boa tarde. Respondendo ao seu comentário se calhar a equipa de formação onde a criança treina o ideal seria ter 2 equipas Sub:10
Mas se o objetivo é formar, para quê a competição no sub-10?
Formava-se mais e melhor sem competição. Calendário de jogo normal, com árbitro, mas sem registo de histórico de resultados ou tabelas classificativas. Porque esse registo é o que leva as equipas a optarem por querer ganhar em vez de formar.
Não podem querer que forme-mos e metem um ambiente de competição, é contraproducente. Ambiente de formação para formar, ambiente de competição para competir. Se há competição então é para competir, e tentar formar um bocadinho. Quem tenta só formar na competição arrisca-se a ser o “mau treinador” porque vai ter maus resultados e vai ficar mal classificado.
Cumprimentos,
Frederico M.
Mais um óptimo artigo!
De facto, formar vai muito para além de ganhar a as questões levantadas são pertinentes e dão para reflectir.
Aproveitando a deixa, fica aqui mais uma:
Além dos campeonatos de Sub10 em que, após uma semana de escola, há jogos aos marcados aos sábados pelas 9;00 (?!), com todas as burocracias inerentes, que dizer de competições oficiais para Sub9 e Sub7? €stranho… ou n€m por isso…
Parabéns pelo artigo e pelas questões que coloca. O problema aqui é que, provavelmente, os mais obcecados com a vitória não irão ler o que escreveu e mesmo que leiam estão-se nas tintas para isso.
Concordo em absoluto com o que o Sr. Zé Luís escreveu. Uma criança também não pode ser prejudicada por ser melhor que os outros. Ela não tem culpa. A mim não me faz confusão que o meu filho não marque os penaltis se ele não é o melhor a fazê-lo. Também não fico chateado se o treinador só o puser a jogar meia parte. Percebo que os outros também têm que jogar. O que me preocupa mais é que certos pais/formadores/treinadores façam dos miúdos adultos incentivando a jogar violento como já testemunhei, a reclamarem por a criança falhar um passe, a rebaixarem por falharem de baliza aberta, etc. Preocupa-me que estejam constantemente a insultar o árbitro por errar e os miúdos a ouvir aqueles palavrões constantes. O corrigir as posições, a forma como passa, a forma como remata, isso não me faz confusão porque ninguém nasce ensinado e elas também querem aprender. Podem demorar mas com correções e repetições é que chegarão a bom porto. A competitividade também faz bem para o melhoramento das capacidades dos menos bons. Isto é assim no futebol como na vida onde os melhores serão escolhidos e os piores preteridos. Se não joga naquela equipa e quer jogar mais, tem de tentar noutra que esteja mais de acordo com as suas capacidades. Há também aqueles pais que querem que os filhos fintem, passem e chutem melhor mas nada fazem para isso, preferindo ficar sentados no sofá a brincar/jogar com os filhos. Mas isto é um pai a falar, que jogou futebol dos 10 aos 27 e tirou o curso de treinador Nível I mas que nunca exerceu pois deu prioridade à família, e que tenta passar os valores de um bom cidadão e desportista aos filhos. A maior parte desses obcecados não sabe o que isso é.
Gostava de receber os artigos.
Muito bom ótimo artigo.
Obviamente, “insucesso” …e não “insussesso”… Escrever ao tlm, com a chamada escrita “inteligente”, às vezes prega-nos destas partidas…
[…] Futebol de Formação por André […]
Olá André concordo inteiramente com o seu post e desde já Doyle os meus Parabéns. Bem mesmo na hora que eu me questionava sobre isso. Tenho um filho com 7 anos que treina 3 vezes por semana e normamalmente é convocado. Nem sempre joga mas tudo bem faz parte da vida. Mas realmente há alguns que raramente o são. Acho isso mau. O que acha em relação a isso? E já agora como técnico de desporto qual acha q será o limite de miúdos num treino, com apenas um treinador e por vezes um adolescente que o apoia??? Como especialista nessa área não acha que deve haver de facto um limite? E depois a convocatória??? Como deverá ser feita? Deve se considerar as vezes que vão ao treino? Obrigada pela atenção!!!
Concordo. Mas temos de pensar se oresponsável não é a federação? Se estamos a formar para quê metê-los a competir numa competição igual à dos profissionais? Porque não fazer apenas um calendário de jogos sem tabela classificativa nem histórico de resultados? Havendo competição e uma tabela com histórico de resultados o ser humano vai competir. Até porque se jogar para formar em vez de ganhar o mais provável é ir parar aos últimos da tabela e se estamos nós últimos da tabela não conseguimos deixar de pensar que estamos a fazer algo mal, bem como todos os que nos rodeiam (diretor, país, etc, até os nossos jogadores) vão achar que tamos a fazer algo mal, e perdemos a credibilidade. Portanto acho que a culpa não é só dos treinadores de formação que jogam para ganhar. É o próprio ambiente que obriga a isso.
Cumprimentos e excelente artigo.
Teoricamente, muito bom. Na pratica, publicam resultados dos jogos, fomentando a competição, dividem os miudos, supostamente em formação, em escalões e séries, cujos nomes atribuídos denunciam / assumem diferenças entre equipas / jogadores.
A repensar pela FPF.
A competição não é má. É natural e saudável. Todos os miúdos gostam de competir e ganhar. O que está profundamente errado é que os clubes e os treinadores não percebam que a equipa são todos! E não só os melhores. Os melhores de uma equipa devem saber jogar com os menos bons dessa equipa. Superam-se, no jogo, ao terem de ajudar os menos bons. Se aos menos bons lhes for retirado a melhor lição para aprenderem – a competição – como podem progredir? É como se numa escola os alunos menos bons lhes fosse retirada a possibilidade de realizar testes. Nunca passavam de ano.