A época desportiva dos campeonatos jovens acabou. Esta é uma boa altura para se fazer um balanço e escrutinar a intervenção dos treinadores na gestão das expetativas e frustrações criadas ao longo da época.
Nos últimos tempos tem-se assistido a um aumento de bibliografia sobre o comportamento dos pais na atividade desportiva dos filhos. A verdade é que os pais são um dos agentes envolvidos no processo de formação. Mas não são os únicos. Escusado será dizer que o que a criança/jovem aprende do comportamento ético no clube deve primeiro ser praticado. Nisto os treinadores têm uma grande responsabilidade. Através do seu comportamento podem fazer com que se lembrem deles toda a vida.
Ainda são muitos os casos, pouco noticiados, em que quem deve ser o bom exemplo de comportamento social e desportivo é quem prevarica e influencia negativamente a formação dos atletas e incentiva a um comportamento reprovável por parte dos pais e adeptos. Continua-se a saber e a ver estes agentes desportivos a serem atores – péssimos, de atos de violência, vaidade ou falta de ética.
Os clubes não são exigentes na escolha dos seus treinadores. Os perfis destes não são importantes quando o deviam ser. Não chega ter formações técnicas e académica para ser-se formador. Até quando se vão permitir desvios de comportamentos éticos e desportivos em troca de uma vitória efémera e, quase sempre, considerada pessoal?!
É que o treinador é um professor/formador dos jovens praticantes, desempenha um papel fundamental na transmissão de valores éticos a todos os que com eles se relacionam, sendo esta responsabilidade partilhada com os clubes.
As atitudes comportamentais nos jogos, o aliciamento a atletas, as relações treinador-atleta, treinador-pais, treinador-adversários, treinador-árbitros têm de ser sujeitos a um escrutínio por parte de quem contrata. Constata-se haver treinadores que são os promotores de conflitos em vez de assumirem a responsabilidade na transmissão e fortalecimento de valores éticos. Mas a “Lei do Retorno”, que diz que tudo aquilo que vai, também volta…. um dia cai-lhes em cima. Serve para todos: clubes, treinadores, pais…!
O treinador tem na competição uma ferramenta educativa e, pode sempre optar por promover a socialização, o desenvolvimento de novas amizades e o seu fortalecimento, reforçando estilos de vida saudáveis e estimulando a participação comunitária e a coesão social, ou… pelo contrário, pode promover a violência, a manipulação, a batota, o ganhar a qualquer custo para o seu próprio ego.
Quando agem no interesse comum o comportamento é automaticamente positivo. Quando agem no interesse pessoal não estão a formar ninguém. Estão a envaidecer-se.
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